Esporte como ferramenta de inclusão social

Para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, o esporte pode ser o ponto de partida para transformações profundas. No contexto da educação integral e do desenvolvimento humano, ele se consolida como uma ferramenta de inclusão social — promovendo valores, ampliando repertórios e oferecendo novas possibilidades de futuro.

Essa perspectiva é vivida diariamente na Associação Querubins, onde oficinas de futsal, jiu-jitsu e educação física são mais que atividades físicas: são espaços de convivência, escuta e formação cidadã.

Foto: Pedro Hamdan

O que dizem os estudos sobre esporte e inclusão?

O sociólogo francês Pierre Bourdieu já apontava como o capital simbólico adquirido em atividades esportivas pode impactar positivamente trajetórias de vida, especialmente em contextos periféricos. No Brasil, pesquisadores como Silvia Helena Coutinho e Walter Bracht defendem que o esporte, quando praticado com mediação pedagógica e olhar crítico, torna-se um potente mecanismo de emancipação e combate às desigualdades.

Ou seja, não é o esporte em si que transforma, mas o modo como ele é inserido na vida das crianças e adolescentes, com intencionalidade, acolhimento e compromisso com os direitos.

Benefícios do esporte no desenvolvimento integral

Estudos do Instituto Ayrton Senna e da UNESCO mostram que a prática esportiva regular em projetos sociais contribui para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, socioemocionais e físicas. Entre os principais benefícios, podemos destacar:

  • Fortalecimento da autoestima e da autoconfiança
  • Melhoria do rendimento escolar e da disciplina
  • Redução de comportamentos agressivos ou de risco
  • Estímulo ao trabalho em equipe, empatia e respeito
  • Criação de vínculos positivos com adultos e colegas

Na Querubins, educandos que chegam retraídos ou indisciplinados passam a se envolver, se comprometer e se desenvolver — dentro e fora do campo.

Esporte como direito e política pública

A Constituição Federal de 1988 já reconhece o esporte como direito de todos. E o Estatuto da Criança e do Adolescente reforça esse dever do Estado, da família e da sociedade. Ainda assim, muitas comunidades não têm acesso a espaços seguros ou profissionais preparados para oferecer atividades físicas regulares.

Projetos como o da Associação Querubins surgem justamente para preencher essa lacuna: garantindo acesso gratuito, acompanhamento técnico e uma proposta pedagógica voltada à formação integral de cada criança e adolescente.

Por uma inclusão que começa em movimento

Queremos formar cidadãos. O esporte é a porta de entrada, mas o objetivo é maior: gerar pertencimento, criar oportunidades, e mostrar a esses jovens que eles podem sonhar — e realizar.

Na Querubins, acreditamos no poder do corpo em movimento para mover também consciências, afetos e trajetórias. Porque todo mundo merece jogar — e fazer parte.

Foto: Pedro Hamdan